4.10.04

O Ciclo e seu Percurso

Nem todos os terrores são monstros. Talvez não sobre a perspectiva moderna que alguns de nós temos. Mas a maior parte é sempre interpretado como horrores além da imaginação. Horrores que destróiem nossos corpos e se alimentam de nossas almas, apenas a fé pode nos salver.
Certo, essas são as palavras dos mais velhos, daqueles que não entendem direito os mecanismos da vida e da morte. Atualmente as pessoas compreendem melhor o que se passa com os corpos dos seres vivos, magos e estudiosos pesquisaram o bastante para entender alguns dos mecanismos da vida. Apesar dos grandes acontecimentos que costumam ocorrer aqui, a vida também possui sua rotina, ela mantém seu fluxo normal na maioria das vezes.
As pessoas nascem, crescem, envelhecem e morrem. Talvez um pouco mais rápido do que isso, para os que tem sorte pode ser que demore, depende sempre do ponto de vista. Mas esse é o ciclo normal da vida. E cada vida em particular é o palco de grandes acontecimentos, se formos pensar bem. Muitas coisas podem acontecer.
Pessoas desenvolvem sentimentos, têm idéias, adoecem, promovem curas, geram a vida, movimentam-se. A explicação mais plausível para tudo isso ao mesmo tempo, segundo a maioria da população, são as forças divinas quando se trata de coisas boas e demônios para tudo que é ruim. E também no dia-a-dia das pessoas vemos o eterno duelo entre bem e mal.
Mas talvez esse não seja o maior desafio. Esclarecer que doenças não são necessariamente demoníacas é cada vez mais importante, porque nos dias paranóicos em que vivemos, qualquer desiquilíbrio social é fatal, mais do que a própria doença que o causou. Expurgar doentes tem sido o principal "método de cura", pois já são poucos os clérigos com verdadeiros poderes e as pessoas começaram a perder a esperança.
Antigamente, a morte não era tão temida, ela era esperada como um novo passo na jornada. Os clérigos eram guias, eles facilitavam tanto a estadia nesse mundo quanto a passagem para o próximo. Hoje cada um está mais preocupado com sua própria vida, ignorando a do próximo. Clérigos passaram a ser considerados posses, são dominados pelas comunidades e o verdadeiro poder não é mais demonstrado, o poder de cura espiritual.
Isso permitiu, pelo menos, desenvolvimento de técnicas que não se utilizam de forças divinas. A medicina começa a surgir, mas ela é mal vista pela maioria, forças demoníacas estariam por trás dela. O ciclo da vida continua, mas ele vêm sendo transformado, encurtado talvez, por uma nova doença, uma doença para o qual todos estão cegos. Ela surge do medo e da confusão, ela impede não apenas a cura dos indivíduos, mas a sobrevivência da sociedade. É a loucura das massas um sinal para a ruína que se aproxima.