21.9.04

Petrik, o caçador de sombras (Parte 5/5)

A ameaça no coração da vila fora destruída. Ao caminhar para a últma casa de seus pais, nenhum dos aldeões tinha coragem de levatar seus olhos a Petrik. Ele pegou os percentes da família e acomodou sua irmã na carroça, junto a eles. Partiu sem olhar para trás, para nunca mais voltar. Seguem os últimos trechos de seu diário:

"Vigésimo-primeiro dia,
Estamos a dois dias de viagem da vila. Os pesadelos ainda me perseguem, nuca mais serei o mesmo. Minha irmã também não. Com tristeza escrevo essas linhas e não voltaria a escrever aqui. Também não voltarei aos meus estudos de Magia, tenho uma promessa a cumprir. Pensei que destruindo aquele monstro ou fugindo da vila minha irmã melhoraria. Isso não aconteceu. Notei as mudanças que nela se faziam. Ela parecia já estar morta e a morte andava a seu lado. Mas ela voltou a acordar, apenas para dizer suas últimas palavras.
Ela disse que não queria se tornar um monstro, que queria morrer em paz. Eu deveria livrá-la daquela maldição. Deveria perfurar seu coração para deixar o mal contagiante que o dominava partir e então deveria purificá-la. Mas, além disso, ela me fez prometer que eu não descansaria enquanto não livrasse o mundo do mal que agora a possuía ou qualquer outra espécie semelhante. Sem hesitar jurei por nossa família em todos tempos. Então a irmã que eu conheci expirou.
O ar a nossa volta começou a mudar. O espírito maligno em minha irmã que a corrompeu e corrompia tudo a nossa volta. Com lagrimas nos olhos peguei aquele mesmo cabo de vassoura que havia se partido na fracassada tentativa de salvar minha irmã. Ele agora cumpriria sua missão como uma estaca que livraria do mal o coração da pobre coitada.
Escrevo essas passagens em frente ao túmulo de minha irmã, na bela relva perto da estrada, onde realizei os rituais que purificariam seu corpo e sua alma. Ela por fim pode descansar, como nossos descansam. Mas eu não descansarei em virtude de meu juramento, até a hora de minha morte, e o mesmo se dará aos meus descendentes.”

Os demais documentos falam das descobertas de Petrik e dos trabalhos e perigos enfrentados pelos primeiros caçadores. Falam de como foi criada a Tradição dos Caçadores Jurados, entre outros relatos.
Meu amigo é um caçador. Ele descende de Petrik e diz que a promessa ainda não foi cumprida, que na verdade sua família sempre esteve em desvantagem, havendo períodos sem caçadas em andamento. Mas pelo menos sabem que existem aqueles dispostos a lutar, mesmo que sejam batalhas perdidas.